Staniando – As Mãos da vida 19h30m 10/12/2024 - Institucional Por Profa. Dra. Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro Peguei-me olhando para minhas mãos, quase não as reconheci. Não eram aquelas limpinhas, branquinhas de outrora, que um dia seguravam bonecas e folheavam livros na escola. Agora, ficaram marcadas pelo tempo, com linhas profundas e manchas que não saem, mesmo com o mais caprichado dos sabonetes. Senti o peso das décadas. Cada risca, cada linha, cada mancha parece uma trilha que a vida deixou em mim, um mapa que narra histórias de trabalho, amor, perdas e conquistas. Minhas mãos, marcadas pelo tempo, carregam as cicatrizes, como se fossem páginas de um livro que só eu posso ler. Olhei-as com muita atenção: Foram elas que seguraram meus filhos ao nascerem, trocaram fraldas às pressas, prepararam mamadeiras na madrugada e enxugaram as lágrimas que o choro de cólica trazia. Elas trançaram cabelos para o primeiro dia de aula, ajustaram uniformes e seguram firme na travessia da rua. Elas escreveram muitas cartas com uma letra caprichada(acreditem!). E dançaram ao som de músicas antigas, celebrando um amor que o tempo só fortalece. Foram elas, também, que se cruzaram em preces silenciosas quando o coração não encontrava palavras. Minhas mãos carregam o peso e a leveza do ensino, moldando o futuro de tantas vidas. São mãos que seguraram giz e canetas, traçando letras no quadro que se transformavam em ideias no pensamento dos alunos. Elas viram páginas de livros, preencheram diários de aula e corrigiram muitos, muitos trabalhos com atenção, mesmo quando a exaustão batia à porta. São mãos que construíram sonhos: escrevendo recomendações, orientando projetos, preparando provas, mas também apontaram caminhos para além das paredes da sala de aula. Minhas mãos falam de quem fui e do que sou: uma mulher que viveu intensamente, que aprendeu, que caiu, que levantou. Hoje, meus olhos também se voltam para outras mãos, tão diferentes das minhas. As mãos do meu neto, Samuel, de 15 anos, que já mostram a força que se constrói com a adolescência. Ele ainda descobre o mundo, e suas mãos refletem isso: firmes, fortes, ágeis, rápidas, curiosas. Vejo nelas a promessa do que está por vir, a vontade de conquistar, de explorar, de abraçar o futuro. Mas são mãos que ainda não carregam as marcas da vida, que ainda não têm histórias escritas na pele. Há um frescor nelas, uma energia que parece querer abraçar o mundo todo de uma vez. E depois, há as mãos pequeninas do Guilherme, meu neto de 1 ano. Ah, essas mãos… tão lisinhas, tão macias, tão incrivelmente puras. Segurá-las é como tocar a essência da vida em sua forma mais inocente. Elas se fecham ao redor do meu dedo com uma força surpreendente, como se quisessem me dizer: “Eu confio em você, vovó”. Nessas mãozinhas, ainda não há marcas. Não há cicatrizes, nem linhas profundas. É como se fossem uma página em branco, esperando que a vida, com sua tinta imprevisível, escreva histórias de aventuras, de aprendizado, de amor. Enquanto olho para essas três gerações de mãos – as minhas, as do adolescente, e as do pequeno –, penso na força do tempo. Minhas mãos já se desgastaram para abrir caminhos que talvez eles nunca precisem enfrentar. As mãos do meu neto mais velho estão começando a compreender o peso do mundo, mesmo sem saber exatamente como, elas seguem experimentando e aprendendo a moldar o futuro. E as do mais novo são “puro potencial”, prontas para moldar o que o futuro lhes trouxer. Há algo de mágico nisso. Minhas mãos, tão experientes e marcadas, não deixam de sentir o toque das deles como uma renovação. É como se, ao segurar as mãos dos meus netos, eu tocasse o início e o meio de uma história que continuará muito depois de minhas mãos descansarem. E essa certeza me traz paz. Afinal, enquanto houver mãos entrelaçadas, haverá vida, amor e continuidade. Receba as notícias hoje, diretamente no seu e-mail: As notícias que você não pode perder diretamente no seu e-mail. Inscreva-se e receba a newsletter Ao enviar a minhas informações, concordo com o termos de uso. Agenda UniCatólica Colação de Grau UniCatólica 2024.2 15/01/2025 Ver todos os eventos Falar com o Whats da Uni