Caminhar é fácil, difícil é escolher o caminho – Staniando

18h08m 23/02/2022 - Staniando


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Por Profa. Dra. Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro

Fui convidada para conversar com um grupo de alunos sobre a vida. Pensei no que ia dizer-lhes e resolvi falar-lhes sobre nossas escolhas, nossa vida.

Estava (e ainda estou) relendo pela enésima vez Alice no País das Maravilhas, essa leitura sempre me surpreende pelas reflexões de vida que me levam a fazer. E se eu queria falar-lhes de vida, de como encará-la, Alice seria lembrada. Aí …Alice…Stânia, a caminhada dela, a minha vida… o entrelace começou. Nas falas dela e de seus amigos eu encontrava a sabedoria e na minha história, a experiência. Encaixe perfeito, pensei!

Inicio este texto pelo fim, isto é, pelos últimos minutos antes do início da tal conversa. Enquanto me arrumava, lembrei-me de mim, de minha vida, das minhas escolhas e de suas consequências, do que dizer e de como dizer isso, senti-me tão diferente daquela Stânia de outrora, não a de anos atrás, mas a de horas atrás, tão cheias de fases ( sim, tenho fases como a lua) mais disposta, mais empolgada, mais viva, menos sorridente, menos ansiosa e ainda cheia de planos, muito ressabiada com os demais e então, mais uma vez, lembrei-me do livro: “Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então”. Adorei isso e não esqueceria de dizer-lhes que somos mutantes, que não se preocupassem em mudar, afinal não somos hoje quem fomos ontem e não seremos amanhã quem somos agora, não é verdade? (Vocês se identificaram também?!)

Agora voltando a conversa: É claro que cada um de nós parte de um contexto diferente do das outras pessoas. Se nossa família é de um jeito ou de outro, se tivemos condições materiais e culturais melhores ou piores, enfim, a ideia que acredito está muito bem expressa na frase de Sartre: “ não é o que fizeram de você mas sim o que você fez do que fizeram de você”. Entendem?

São as escolhas pequenas, mínimas, como escolher o que comer ou vestir e são escolhas grandes, decisivas, como profissão a seguir ou o que vou fazer dela, que vão construindo, pouco a pouco, a nossa vida. Fica fácil de visualizar isso, se imaginarmos o que fizemos nos últimos 05 anos:  Se você se alimentou bem, deve estar mais saudável; se não, pode estar adoecido ou acima do peso. Se escolheu relacionamentos positivos ou negativos, também dependeu de você e, sem falar que escolher as pessoas com quem queremos passar o nosso tempo também influencia diretamente nosso bem- estar.

É claro que assumir estas responsabilidades diárias da nossa própria vida não é fácil e não significa que irá conseguir realizar tudo como em um passe de mágica. Mas já é um começo, um meio caminho andado, vamos assim dizer. Escolher é uma questão de acreditar e não de errar. E aí cabe muito bem a frase de Henry Ford: ”Se você pensa que pode ou se você pensa que não pode, de qualquer jeito você está certo “.

Acredito que para muitas pessoas é realmente muito complicado sair da posição de consequência dos fatos, das pessoas, da vida, enfim, posição de vítima.  Esta última parece ser confortável, e, muitas vezes, creio que para estas pessoas parece que é a realidade. É uma questão de ACREDITAR.

“Estou assim ou sou assim porque fizeram isso e aquilo, não posso fazer nada, por isso não dará certo, entende? As pessoas não ajudam, minha família não acredita. Para você é fácil falar. ”

Você já ouviu essa lenga-lenga, insistentemente, em determinadas pessoas?? É disso que estou falando. Todos, eu e você, temos um pouco disso. Mas quanto menos, melhor.

Acredito que concordamos com o Gato quando diz para Alice, quando diz “Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve”. Ser responsável pela própria vida, pelas escolhas e assumir seus riscos e incertezas e, muitas vezes, estar e se sentir sozinho pode sim ser muito complicado. Mas a realidade última é essa: o que você vai ser depende do que você fizer hoje, a partir do que você fez até hoje. Assim, não vivamos a vida como as outras pessoas esperam; Faça sua escolha, mas lembre-se de que, enquanto você estiver na luta, você, certamente, estará sozinho. A vida é sua, a luta é sua, a vitória é sua, a escolha e suas consequências são suas.

Finalizei a conversa com discentes e finalizo este texto com as palavras do Coelho respondendo a indagação de Alice:

“Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: Às vezes apenas um segundo. ”
[Alice no País das Maravilhas]